quinta-feira, 17 de junho de 2010

Católicos migram para outras igrejas


Católicos migram para outras igrejas

Apesar de ser a maior nação católica do mundo, com cerca de 126 milhões de pessoas professando a fé, o número de católicos no Brasil está diminuindo. Foi o que concluiu a pesquisa Retratos das Religiões no Brasil divulgada há duas semanas pelo economista da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri. De acordo com os dados da pesquisa, a comunidade católica representava 89,19% da população brasileira. Hoje, este percentual caiu para 73,89%. Em Sergipe, de 1980 para cá, o número de católicos cresceu 35,73%, enquanto que o de evangélicos aumentou 451,34% e o de pessoas que se consideram sem religião 909,3%.

A tendência de redução de fiéis da Igreja Católica também foi confirmada pelo Atlas de Filiação Religiosa, lançado em 2004 por professores da Pontifícia Universidade Católica (PUC) - que contou com a participação de pesquisadores franceses - e pelo Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em entrevista ao Jornal O Povo (CE), Néri revelou que está em curso no país um movimento de transformação da religiosidade do povo brasileiro. Os católicos estão migrando para as igrejas pentecostais ou deixando sua religião.

Para o padre Jerônimo Peixoto, há uma contradição muito grande entre aqueles que se denominam católicos e os que realmente são. "Em pesquisas, as pessoas se dizem católicas porque foram batizadas, mas não têm nenhum compromisso com a fé. Em geral, não participam da vida da igreja, das celebrações, não seguem em nada o que a igreja orienta. Muitas dessas pessoas estão indo para outras igrejas. Não são católicas. Assim, o aumento do número de evangélicos não significa, na realidade, a perda de católicos, mas de pessoas que não vivem na fé em nenhuma comunidade eclesial", argumenta.

Para o pastor da Igreja Presbiteriana Neemias Araújo de Carvalho, da década de 1980 pra cá, começaram a surgir movimentos de massa, igrejas voltadas para a evangelização em massa, e talvez isto explique a diminuição de fiéis católicos e o crescimento de evangélicos. A Igreja Universal do Reino de Deus é apontada como uma das responsáveis por esta diferença. "Como nós vivemos num país chamado Brasil, onde o povo carrega dentro de si aquele misticismo natural de uma herança africana, dos portugueses e dos índios, este sincretismo religioso se coaduna muito bem com a Universal e eu creio que esta é a razão do crescimento estrondoso dela", aponta.

Neemias Araújo acredita que a cultura de massa, a televisão, também têm contribuído para esta evasão de fiéis da Igreja Católica. "Na igreja evangélica, a gente encontra, de determinada maneira, um freio para o jovem, porque há um acompanhamento maior. Na Católica, há os movimentos que eu acho que têm ajudado e muito a juventude, como o Shalom, que tem integrado muitos jovens, eu conheço muito jovem sério, que leva a vida cristã com responsabilidade, mas, num sentido geral, a massa da juventude católica, eu creio que vai à igreja quando se batiza, quando faz a primeira comunhão e crisma, depois quando vai casar e quando morre, mas não há um hábito de freqüentar a igreja", sinaliza.

Sobre a diminuição apontada pela pesquisa, Pe. Jerônimo Peixoto revela que inúmeros fatores contribuem para que o fenômeno ocorra. "A falta de agentes de pastoral, de missionários que se disponham todo o tempo ao Evangelho e a pressa com que as pessoas desejam que a fé resolva seus problemas são alguns. Nós da Igreja Católica, não prometemos prosperidade na empresa, cura imediata, emprego e outros. Isto é um engodo! As pessoas acabam por se alienar e não buscam a religião como resposta livre e consciente ao que Deus lhes propõe, mas buscam uma resposta imediata a automática. Muitas igrejas evangélicas, sobretudo as que estão ganhando maior número de adeptos, não têm uma doutrina séria, que leva a um compromisso com a vida. Destarte, muitas pessoas não querendo compromisso, passam a integrá-las", conclui.

 Fonte: Correio de Sergipe

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